quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Acomodação mental


"Corri pelo Strawberry Canyon e esperei por Soc na entrada do jardim. Ele chegou e fomos caminhar pelos terrenos verdejantes, com todos os tipos de árvores, arbustos, plantas e flores.
Entramos numa estufa gigantesca. O ar estava quente e úmido, contrastando com o frio da manhã, do lado de fora. Soc apontou uma folhagem típica que se elevava acima de nós.
- Quando você era criança, tudo isso surgia diante dos seus olhos, dos seus ouvidos e do seu tato como se fosse a primeira vez. Mas agora você sabe o nome e a categoria de tudo. Isto é bom, aquilo é mau; isto é uma mesa, aquilo é uma cadeira; isto é um carro, uma casa, uma flor, um cão, um gato, uma galinha, um homem, uma mulher, o pôr-do-sol, o mar, a estrela. Você se cansou das coisas porque elas passaram a existir apenas como nomes. Os conceitos áridos da mente obscurecem a sua visão.
Sócrates abriu os braços num gesto amplo, abrangendo as palmeiras que se elevavam bem acima de nossas cabeças, quase tocando o teto plastificado da cúpula geodésica.
- Agora você enxerga tudo através do véu das associações que faz sobre as coisas, e esse véu encobre a percepção simples e direta. Você já "viu tudo isso antes". É como assistir a um filme pela vigéssima vez. Apenas a recordação das coisas é vista e isso o deixa entediado, preso em sua mente. É por isso que você terá que perder a mente para retornar aos sentidos." (Millman, Dan. 1980, p. 169)

Poxa, o que mais eu preciso dizer sobre esse texto? É lindo.

Voltando ao meu velho padrão, após uma longa viagem.

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